quarta-feira, 12 de agosto de 2009

profissão: babaca

Ultimamente tenho cruzado pelas ruas com um tipo de pessoa que não costumava ver.
É como certas raças de cachorro que surgem, você nunca havia visto, começam a se multiplicar e depois desaparecem totalmente (acho que existe um ranking fashion para raças de cachorro, explica totalmente o sumiço dos cães pequinês, os chiuaua, os afghanhound e beirando a extinção dos poodles).
Cada vez mais topo com gente que tem as mesmas características: andam muito devagar e se balançando lateralmente, como se fossem invertebrados; usam acessórios esdrúxulos: hoje vi um senhor com um boné idêntico ao do Sherlock Holmes e terno sentado tomando café na Praça da Paz, outro nada jovem vestia uma camisa de mangas compridas que era uma bandeira britânica e tinha os cabelos de uma cor que a natureza nunca inventou. Uma moça cruzou na mesma calçada acompanhada do vento frio que vinha do mar no início da tarde, com um short curtíssimo, sandálias de salto enorme, mas casaco pesado com cachecol. Parou junto de uma loja onde uma senhora de mais idade ostentava um imenso chapéu florido e trajava um vestido impecável para as corridas em Ascot, enquanto carregava um cãozinho na bolsa tiracolo.
Eles invariavelmente circulam pelas proximidades de lojas ou galerias de movimento, em horários vespertinos e com uma calma que demonstra não terem outras preocupações. Todos, homens e mulheres, ostentam cabelos penteados de forma absolutamente cuidadosa, combinações de roupas diferentes, mas muito bem estudadas para ser trajadas e com aquela postura tensamente relaxada das misses de outros tempos.
Se chegam a falar, você ouve uma voz em rotação inferior ao normal, longas pausas e um leve tom de descaso com o interlocutor, seja ele quem for.
Reparei ainda que esses seres não circulam em dias de chuva, feira ou muito calor. Talvez a água o calor e o tumulto tenham para eles o mesmo efeito que para os gremlins. Não sei.
Pode ser que se trate de mais um modismo que eu ainda não fui apresentada, mas pode ser que estejamos sofrendo uma silenciosa invasão desses alienigenas, que invadindo as ruas pouco a pouco transformaram a terra num planeta árido sem vida inteligente.
Por via das dúvidas evito contato.

Um comentário:

Pablo Paleologo disse...

Hahahahahaha! Divertidíssimo! Vou andar mais atento!!