apelidos, tê-los ou não tê-los?

Quando era garota, na escola, as pessoas "superpopulares" sempre respondiam por apelidos tipo: Tininha, Piu-piu, Fêzinha, Narizinho, enfim todos no diminutivo ou fofos.

Às menos privilegiadas e mais desengonçadas cabiam os apelidos pejorativos ou no aumentativo: Luizona, Narigão, Ana Panaca, Monica Maluca, Flávia Gorda,etc.

As freiras do colégio insistiam em nos chamar todas pelos sobrenomes, que também me soava muito estranho.

Quando fui cursar o científico (ex-segundo grau, atual ensino médio ou sei lá que) me colocaram num colégio que não era religioso, era misto (sim, havia meninos!), e por isso tinha um público "mais descolado".

Nessa altura os apelidos dos meninos sugeriam ser bad-boys, algo como Galinha, Siroco (mistura de Ciro com o vento), Maluco, ou eram uma estranha inversão do nome (Drope para Pedro; Dorgo para Gordo). As meninas continuavam na linha do diminutivo ou fofa, mas os professores nos chamavam pelo nome, que me parecia mais natural.

Em nenhuma das duas fases tive apelidos, nem os carinhosos da "galerinha", nem os pejorativos (graças a Deus!).

No fundo eu sempre tive medo dos apelidos em aumentativo e pejorativos, pois nunca fui pequena, contida, vozinha fina e postura que combinassem com a categoria de diminutivos e fofices, mas secretamente invejava as Tininhas, Batatinhas e Piu-pius; Muito secretamente.

Talvez por isso hoje eu tenha verdadeiro horror de apelidos. Não nos outros, mas em mim.

Minha vingança é quando encontro as ex-fofitchas pela vida e constato que hoje lhes cairiam melhor os apelidos malvados que criavam para outras.

Já as outras, umas continuam a merecer os antigos apelidos, mas a maioria me parece agora muito mais interessante que a "galerinha" de outros tempos.