terça-feira, 24 de novembro de 2009

meu amigo sérgio

Já disse que tenho os melhores amigos do mundo?
Pois é.
Não tenho culpa se tenho os melhores amigos, melhores filhos, melhores enteados, melhor marido, melhor mãe, melhor cachorro...
O Sérgio é desses; cara cultíssimo, inteligente, dono de um senso de humor inigualável, atencioso, carismático, bonito e ainda tem incríveis olhos azuis.
Uma pessoa na companhia de quem não deveria existir tempo: sempre há uma nova história, uma piada ou uma sagaz observação do cotidiano, que contadas por ele se tornam imperdíveis.
Sábado jantamos com cinco outros companheiros, todos incríveis como ele, quando me fez uma confidência. Preciso repartir:
Contou-me que havia tentado suicídio pela primeira vez (e última) aos oito anos, levado por um dos enormes questionamentos e contrariedades comuns aos seres da idade: falta de biscoitos, questões relativas a carrinhos de plástico, etc.
Na falta (ou excesso) de imaginação, querendo de todo atrair a atenção da mãe -lusa, como meu caro patrício- depois de breve reflexão resolveu tomar várias bolinhas de naftalina ou talvez umas duas, providencialmente dissolvidas em "ki-suco".
Lógico não se trata de história atual.
Quando nós éramos criancinhas a vida era mais divertida; As mães nos davam "ki-suco", a gente acreditava que fumar era bom para alguma coisa, que o único risco do sexo irresponsável era gravidez e politicamente correto era sinônimo de gente chata.
Enfim, hoje a simples leitura do rótulo daquilo que era um suquinho gostoso e cheio de corantes bastaria para levar qualquer mãe ao desespero.
Voltando no tempo e na história, o então miúdo se arrependeu e passou a andar em volta da d. Amélia, até não se conter e com o leve sotaque da colônia disse:
mámãe, estou cá meio enjoadinho.
-Filho! Q'merda já comeste?
-Eu estava cá aborrecido contigo. Tomei umas bolinhas daquelas para baratas num copo de "k'suco".
Rindo ao se lembrar da fúria materna, que descreveu em detalhes pontuados por imensa ternura, relatou que em seguida, já com dois dedos metidos na garganta, ela o arrastou para o banheiro enquanto vociferava:
-Da próxima vez que tentares te matar, ó Serginho, que não te lembres de tomar do meu "k'suco"! Nunca mais tomes sem pedir!
Sábia senhora. Manteve assim entre os vivos uma das mais dramáticas criaturas que Deus criou e que diz hoje sem pudor:
-Não fosse a psicologia dos tamancos da minha mãe e eu teria tentado muitas vezes! Naquele dia, com a garganta dolorida e nauseado, entendi que seria aquela minha derradeira tentativa. Ao menos com Ki-suco...
Grande D. Amélia, mãe de Sérgio e Lina!
A humanidade lhe deve por ter cumprido em dobro sua cota de gente boa para o mundo.

3 comentários:

Letícia disse...

Nossa!!Bom isso é verdade?(rsrs)mais achei uma história muito interessante.

Leinad disse...

Hhaaahah. Sergio é IMPAGÁVEL

Enrique Coimbra disse...

Nossa, Ki-suco é mara, ok? AHUAHAUHAUHA Eu acho que nem é necessário dissolver naftalinas nesse suco... Dizem que ele próprio gera câncer. Não, não dizem. Eu inventei. Texto legal, bem distribuído ;)