Amigos para sempre!

Toda vez que conheço alguém em férias ou viajando a trabalho, volto com a sensação de que acabei de conhecer meu mais novo amigo para toda a vida.

Desfeitas as malas, retomada a rotina, a presença daquele amigo instantâneo já começa a se dissipar. Passa uma semana, duas, a vontade de telefonar vai virando fumaça. O próprio, que marcou de antemão vários encontros, também não aparece.

Ao final de um mês, daquela amizade, cujas juras reciprocas de afetividade eram tão verdadeiras, só sobraram as fotos da viagem e um endereço anotado num bloquinho de hotel.

Será que só eu tenho dessas amizades miojo?

Quando se está fora do ambiente comum, sem a presença dos companheiros de sempre, a gente acaba por assumir uma identidade diferente, assim como um Clark Kent vestido de Superman, e tende a esbarrar com Peter Parker, Bruce Wayne e muitos outros.

Daí quando a gente retorna para Metrópolis e os companheiros para Gothan City, acaba por reparar que toda aquela afinidade instantânea não passou de um desejo imenso de sair da rotina, ainda que por pouco tempo. As afinidades nem eram tão grandes, as semelhanças não passavam de aparência, e a rotina, junto dos companheiros habituais, é na verdade bem mais interessante do que parecia.

É como férias de escola. A gente sai de braços abertos, fugindo da repetição torturante, correndo em busca do novo. Mas alegria mesmo é no final, quando passado o tempo de separação, a gente volta para a mesma sala, o mesmo pátio, os mesmos amigos, doida para contar as novidades que cruzaram e ficaram para trás.

Complicado é explicar aos amigos-miojo, quando eles desconhecem essa prática milenar, que não é legal ser surpreendido num Domingo de manhã cedo, passados dois anos daquelas férias no Uzbequistão, pela família Miojo inteirinha, ávida por se sentir acolhida e acompanhada pelos próximos quinze dias!