segunda-feira, 15 de junho de 2009

old soul


Acabei de ler um texto de alguém muito talentoso, por demais sábio para a idade cronológica que possui. Ele sempre inspira pensar.
Como sou uma pessoa com trilha musical, devido a essa incontinência mental incontrolável enquanto lia o texto foi acionada na juke box pessoal a música "Old Souls", da trilha de um filme anos 70, que tirei lá do fundo da pilha de compactos.
No ato duas portas surgiram numa imagem mental: Uma da memória temporal que essa música evoca, outra das divagações teologico-filosóficas sobre reencarnação e itens semelhantes.
A segunda porta é mais interessante. As lembranças daquele tempo já estão encaixotadas. Daria muito trabalho abrir, espanar, limpar, dar corda e tudo que os brinquedos guardados e esquecidos carecem. Já as divagações estão sempre planando, como assombrações, ou com atualizações automáticas, como o windows.
Depois de passar da vida a metade, permito questionar as verdades que me foram empurradas pela goela como respostas das inquietações que surgiram.
Sou muito apegada a ritos, sejam de origem religiosa ou não. Liturgia devocional, profissional, pessoal, sempre me encanta.
Confundi a liturgia com a própria fé durante muito tempo.
Não entendia porque questionava tanto a essência, mas continuava tendo prazer no ritual. Entender essa separação do rito e da fé foi para mim libertador, pois permitiu questionar e discordar sem medo, além de assumir que sempre encarei com admiração outras liturgias e outros caminhos. Desamarrada da minha própria como única, passei considerar que há acerto em todas, pelo menos potencialmente.
Thiago Aiache é um menino-velho-sábio.
Desde criancinha.
No texto que li ele descreve dificuldades passadas, e me fez pensar sobre minhas vidas passadas, que agora aceito existir, junto com muitas outras coisas dessa existência atual. Li como ele acredita que os pesares vividos lhe trouxeram confiança, serenidade e força para encarar o presente.
Pode ser, mas eu discordo de você Thiago.
Você nem sofreu tudo de sabedoria que tem, considerando a tua pouca idade. Pense nisso.
Olha só, na metade da primeira metade da tua vida, você já decifrou o enigma que outros levarão a vida toda sem enxergar. Isso é dom, é inteligência, é velocidade no processamento da informação, não foi conquistado.
Eu vi em você ainda bem menininho.
Naquela época, e já vão quase 20 anos, eu me referia a você (mas só em particular), como "a inteligência malévola". Nunca poderia dizer na tua frente, jamais seria interpretado da forma correta: é um elogio.
Com pouquíssima idade você já havia se tornado superior hierárquico dos Padres da escola e teve a liberdade de decidir com que ocupar seu tempo: rpg e internet; Bastavam os poucos dias das aulas de recuperação para ser aprovado. Um menino de dez anos tinha dado um nó no sistema Agostiniano de lavagem cerebral e transformado o obstáculo intrasponível da aprovação pelo critério deles em uma espécie de aprovação automática de escola irresponsável.
Coisa de Gênio! Uma inteligência malévola autentica!
Tenha certeza de que esse atributo é elogio: Para mim é sinonimo da capacidade de aprender um sistema com todas as informações, no menor espaço de tempo, ordenar e processar as informações, e usá-las para quebrar o próprio sistema que protegem. Só os gênios tornam a reação tão rápida, que mais parece um ataque.
O perigo de possuir essa capacidade imensurável de inteligir, motivo pelo qual eu particularmente chamo malévola, é que a ética que permeia ações e freia comportamentos indesejáveis também pode ser quebrada e desmitificada por essas pessoas que a possuem. Isso as torna vulneráveis aos apelos do mais fácil, dos caminhos mais tranquilos, pois já vislumbram o final e evitam os obstáculos, assim como o pequeno Thiago evitava a todo custo as aulas matinais.
É um dom de extrema valia, mas como nas HQ, pode ser usado de forma perversa e ai...bem ai nascem os grandes manipuladores, os ditadores, os Darth Vader Lord of the Sith.
Fico feliz em ver quanto sua "inteligência malévola" fez bem a você!
Soube se utilizar dela tão bem, que vejo adulto-menino-velho atribuindo aos tropeços seus êxitos numa lógica agostiniana de humildade.
Thiago creia, você tem um dom, ou como me permito agora pensar, desamarrada dos dogmas impostos, você é uma velha alma, old soul carregada de experiência vivida.
Se fosse normal aprender com as dificuldades o mundo seria repleto de sábios, e definitivamente não o é. Infelizmente é lotado de frustrados e recalcados que mais regozijam com o fracasso alheio do que se ocupam de buscar o próprio caminho do sucesso.
Cabe a você, e aos outros portadores da mesma bagagem, dividir conhecimento, liderar, motivar e inspirar o maior número de pessoas. Isto sim é um desafio.
Conheço outros assim, até moro com um deles. Acredito que os semelhantes se reconhecem e se aproximam naturalmente, para realizar a tarefa.

Que a força esteja com todos vocês.


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