
Eu tenho uma amada amiga Leila, que me emocionou por ter lembrado que a nossa relação já dura trinta anos. Um casamento que nos surpreendeu ao dar certo!
Não fomos amigas de infância; Ao contrário, nos conhecemos mais velhas do que somos hoje.
Éramos duas garotas bobas, fingindo serem maduras senhoras, usando maiô inteiro, saias longas, nos achando feias e gordas, mas cheias de certezas sobre tudo que nem conhecíamos. Definitivamente éramos cegas e burras!
Nem ela nem eu acreditamos na amizade mutuamente prometida no alto da serra, mas delicadamente fingimos acreditar e protocolarmente trocamos telefones.
Nunca moramos próximo, mas a distância física parece que nos aproximou mais. A amizade criou a esquina onde se encontram Icaraí e Ipanema.
Minha amiga Leila é dessas pessoas que quando oferece um filho para a gente batizar (sim, o termo é oferecer) na verdade está entregando um grande afeto, uma responsabilidade enorme e uma porta escancarada para ser parte da família. Ela me enterneceu quando me ofereceu a criança que estava carregando na barriga, e me deixou maravilhada quando me entregou pela primeira vez Juliana nos braços em março de 82.
Juliana, a Juli, é um presente que a gente não cansa de admirar! Ela tem a singular beleza da esfinge, não basta olhar, há muito que decifrar.
Minha amiga Leila é dessas pessoas que realmente sabe ouvir, que ouve a todos atenta e tudo lembra. Tanta atenção ela presta nas minhas confidencias que por vezes é ela que me lembra dos capítulos que eu já esqueci, e não me deixa tropeçar no mesmo buraco.
Ela também é fonte de sabedoria, a quem consultei desde sempre, meu "Google" quando ele nem existia. Ela me ensinou muitas coisas de vida, do sucesso a ousadia e frescuras, coisas que eu nem conhecia e ela generosamente repartiu comigo. Também ensinou dos cuidados -com a casa e cuidados com os filhos, cuidados com obras, com compra de carro, no supermercado, no frio, na tristeza, nas separações até nas grandes perdas. Ela é uma enciclopédia do cuidar, pois nela reside um imenso arquivo de generosidade, tão grande que ela nem conhece o fundo.
Minha amiga Leila foi a primeira a chegar quando meu filho nasceu e foi a primeira a cuidar da minha bursite. Trinta anos revelam a vida!
A amizade durou, contrariando nossas apostas iniciais, porque somos almas gêmeas, mas não sabíamos...
Sobrevivemos juntas à orfandade, às separações, ao nascimento e crescimento dos filhos, ao fim da atividade profissional, às angústias pelas novas etapas, ao envelhecimento do corpo e ao perverso rejuvenescimento tardio do espírito com a liberdade que tudo isso traz.
Quando nos conhecemos éramos duas velhas senhoras de vinte anos. Somos agora duas garotas de cinquenta, porque ela me mostrou que a gente pode mudar se reinventar, ser menos austera e mais tolerante com a vida e com as pessoas, para aprender coisas novas e começar outros caminhos, e nunca desistir de ser feliz.
Nossa relação é estável, por isso convive com os novos amigos e os reparte, sem ciúmes e reservas.
Torço para que nossos filhos, todos os seis, tenham na vida uma amizade assim: Tão desinteressada que pareça fugaz; Tão aconchegante que se torne familiar; Tão necessária que crie dependencia; Tão generosa que não cobre atenção; Tão atenta que nada deixe sem cuidar; Tão preciosa que se revele eterna.
Eu também te amo amiga!
3 comentários:
Amiga, agora quem está emocionadérrima sou eu. Tenho certeza que, principalmente, nos dias de hoje, somos pessoas privilegiadas por sermos amigas de verdade. Com certeza nem sempre falamos à outra, o que gostaríamos, mas jamais deixamos de falar o que a outra precisava ouvir. Amar necessariamente implica em cuidar e, por sabermos cuidar, cultivamos nossa amizade a cada dia. Quando "ofereci" minha filha para que vc batizasse, talvez, na minha madura inexperiência, já enxergasse que eu poderia contar com a sua amizade, integridade e participação ativa na vida de Ju o que, in"diretamente" garantiria um grande vínculo entre nós. Acertei na mosca. Bingo! Somos mais do que irmãs, somos AMIGAS. Nos escolhemos.Vivamos plenamente nossa balzaquiana juventude... e vamos acumulando vivências e histórias pra contar aos nossos netos. Temos muito que viver e acrescentar mutuamente em nossas vidas. Com toda minha admiração, obrigado por todo seu carinho. Quanto a foto, adorei. Limão e Teca perderam...
eles azedaram, nós florescemos! hahaha!
Hei de concordar com Daniel. 'Tio William tá mudado'. haha
Foto linda. Fico pensando aqui: tenho amigas queridas, amizades que já duram 11 anos. Vcs têm 30 anos de amizade!
Olho pra trás e penso que 'ontem mesmo' as conheci.
Há 12 anos eu fazia 15. Como pode?
Eu ainda sou 'novinha'. Mas como alguém novinha fez 15 anos há DOZE anos?
Tô confusa!
Tia Cristina, vamos almoçar, vai? A gente fica nesse lero-lero e não almoça de fato!
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