segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Deus, por que criaste os idiotas?

Ando indignada com o retrocesso em relação à aceitação de idéias e comportamentos que não os mais fáceis e óbvios.
Sim, porque quem age por instinto de imitação da manada é gado.
Outro dia apedrejaram moralmente (e quase fisicamente!) uma garota só porque ela ousou sair mostrando mais quantidade de pernas e braços que as outras: não é seguidora da estética "Barbie".
E daí? Se ela fosse magrinha, bem sequinha e colocasse o mesmo vestidinho? Tudo bem?
Claro que estaria tudo bem! Mas ela ousou se exibir mais volumosa, por isso mais voluptuosa. Chamou atenção dos colegas, que adoraram e babaram por ser diferente -exibida, grande, auto-confiante. Mas a reação foi uma imensa demonstração de intolerância, pois ela ousou adotar uma estética diferente da maioria: ou a menina é magrinha e está autorizada a usar uma calça jeans tão baixa que deixa os pelos pubianos à mostra, ou ela é condenada à estética de gorda -roupas largas ou escuras que a tornam invisível. E assim foi o gado todo perseguindo a pobrezinha sem pensar.
Não se questiona gosto, cada qual tem o seu, mas é um direito fundamental não ser discriminado por usar aquilo que lhe agrada.
Outro dia um conhecido postou no twitter -coisa que, aliás, não entendo a utilidade, especialmente da forma que vem sendo usado- um comentário sobre o apagão. Na verdade uma piada.
Ok, tinha uma conotação politicamente incorreta, mas como toda piada, era uma crítica à situação. Era inteligente, justamente por associá-lo a um comportamento reprovável.
E daí? Quem lê tem obrigação de gostar? Claro que não! Tem até a opção de não ler!
Mas quem lê, já que se trata de uma mídia publica, pode se manifestar? Pode, mas não pode apedrejar, muito menos explorar a idéia do outro, dando a ela a burra conotação de doutrinação de conduta.
Fato é que a frase foi replicada em outros meios e divulgada fora do contexto (afinal quem é seguidor de um twitter conhece o pensamento do autor, sabe se é um espaço de humor, crítica ou apologia ao crime).
Pior, foi maldosamente usada a imagem do rapaz para induzir pessoas em erro, divulgando explicitamente uma intenção que não havia originalmente, tudo para provocar uma reação negativa a ele.
Sei lá, a mim parece que quem deu essa interpretação e divulgou da forma errada é que estava a querendo fazer a cabeça dos outros e incentivando práticas abomináveis.
Gado que é gado nem pensa, muito menos questiona! Vai logo se juntando no rebanho dos outros, sem nem saber direito a que ou quem está criticando.
Enfim, arregimentando um rebanho conseguiram iniciar um frisson de reprovar a pessoa do autor, condenando-o por uma vontade que ele sequer teve!
Moral da história: quem é pior?
A lourinha de coxas e colo farto que os exibe sem medo numa minissaia ou os bovinos tolos que correm gritando atrás, só para acompanhar a manada?
O rapaz criativo que faz humor e expõe sua crítica sagaz aos que querem ler, ou os parasitas que não conseguem ter sacadas próprias e se apropriam das alheias para, distorcendo contexto e intenção, arrecadar ao seu pasto mais reses idiotizadas?
Convenhamos, a Bíblia não incentiva o fratricídio, o ócio, a paternidade irresponsável, o abandono de recém-nascidos.
Ou será que prega isso, eu é que nunca entendi?

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