quarta-feira, 26 de novembro de 2008

vizinhos


Gostaria imenso de saber onde andam os vizinhos amigos e cordiais, que convivendo tão próximo por anos, acabam por se tornar meio parentes, "tios"dos nossos filhos.
Particularmente tive o privilégio de conhecer apenas um tipo de vizinhos: os loucos de pedra.
Morava a muito pouco tempo num apartamento quando já tinha conseguido atrair a cólera da vizinha do andar de baixo. Uma noite, todos dormíamos, quando fui ACORDADA pelo interfone: entre susto e sono, corri para atender. Para meu espanto, o porteiro me ligava a pedido da dita louca, para reclamar do barulho exagerado que estávamos fazendo! Seria roncando?
Dois dias depois ela escorou meu filho na portaria para dizer exultante havia descoberto tudo...
Tudo que? Ah! Revelação para todos! Ela havia descoberto que meu marido era escultor, e essa era a origem do barulho. De fato uma baita revelação, pois já se vão quase vinte anos e nem o próprio ainda descobriu esse talento.
Outra vizinha, que ainda me penitencia com seu convívio, comprou um carregamento de pássaros e os colocou em jaulinhas na área de serviço. Bom para ela que gosta de admirar a tortura dos bichinhos, feitos para voar e ali aprisionados. Para mim um sofrimento, pois os bichos gritam dia e noite. Creio que são gralhas ou alguma espécie semelhante, e ela se distrai limpando as jaulinhas na madrugada, depois se retira para dormir. Eu fico aqui penando, com os penosos da área dela, gralhando o resto da madrugada na minha cabeça.
Um dia falei com ela do barulho, do incomodo, da propagação do som, da proximidade da minha janela e ela, furiosa, me respondeu que os pássaros são uma maravilha da natureza, um elo de proximidade com o plano superior, que antes de tê-los ela até havia escrito um poema, intitulado "área vazia". Vai entender! Nem tento. Única coisa consistente em todo esse papo é a ligação com o plano superior, no caso o meu, que me impede de dormir, ver TV e até pensar.
Por que ela não conecta essas gralhas com a cabeceira da cama dela, fica com a casa cheia e me deixa em paz?
Agora recente um vizinho antigo, que dividia moradia entre o apartamento e uma casa na montanha, veio a se instalar em definitivo aqui. Trouxe consigo dois cachorros loucos, dementes, totalmente desvairados.
Fico imaginando que assim como há pessoas que se vê na rua conversando com árvores, também deve existir no mundo animal cachorros esquizofrênicos, dementes e paranóicos.
Agora, comprar um par desses, só por encomenda. Errar duas vezes não é acaso. É possível que exista prazer em conviver com dois seres pequenos, agressivos, que produzem latidos estridentes dia e noite, com ou sem pretexto? Claro que não! Então por que diabos esse maluco mantém esses amaldiçoados, atormenta todo o prédio, e ainda discute com quem reclama dos delírios deles, que entram no elevador avançando e latindo como se fossem dois imponentes cães de guarda? Simples: O infeliz é surdo. O resto que se dane.
Como já enchi de me danar e perder o sono por gralhas, loucos, festas, cachorros dementes e muito mais, resolvi definitivamente a questão. Por ora uma janela dupla anti-ruído. No futuro talvez uma casa isolada no topo de um morro ou no meio de um deserto e uma rápida morte por tédio.

Nenhum comentário: